O Butão é um pequenino reino encravado aos pés do Himalaia e que parece que foi esquecido no tempo. Um lugar que limita as visitas dos turistas. Ao norte está a gigantesca China e ao sul a superpopulosa Índia. Um lugar muito diferente do que jamais conheci. Um povo feliz e muito simpático. Um País de tradições peculiares e totalmente isolado do resto do mundo.
Para chegar até lá só embarcando numa das companhias aéreas locais – a Druk Air ou Bhuthan Airlines – ambas pertencem ao rei. Os vôos partem de Bangkok (Tailândia), Katmandu (Nepal), Nova Delhi ou Calcutá (Índia), rumo a Paro, onde está o único aeroporto internacional do país.
Uma dica bacana é sentar do lado esquerdo do avião para você conseguir ver o Himalaia. A vista é incrível!!!!
Você sabia que os pilotos tem que ter uma carteira de habilitação especial para pousar na pista minúscula no meio das montanhas do Himalaia? Mesmo se você tiver um jatinho e tiver seu próprio piloto, esse jamais poderá pousar o avião.
Para se locomover dentro do Butão você também precisa de um motorista. Não é possível alugar um carro se você não tiver uma carteira de habilitação especial de direção do Butão (a internacional não vale para nada por lá), isso por que as estradas lá são totalmente diferente do que qualquer um de nós está acostumado. Mas isso vou falar mais para baixo.
O guia também é obrigatório no Butão. Você não pode sair fazendo trilhas sozinho.
E assim é o Butão, um lugar onde você sempre irá precisar de um butanês para te guiar.
Falando agora dos lugares que visitei, apesar do avião ter pousado em Paro, nos dirigimos para a primeira cidade que visitei que foi Thimpu. Thimphu é a capital do Butão e esta a uma altitude de 2329 metros.
Vejam abaixo o semáforo… um guardinha que fica nesta casinha no meio da rotatória.
Um dos pontos turístico muito importante em Thimpu é o Palácio Dechencholing, ao norte de Thimphu. A Assembleia Nacional dessa recente democracia parlamentar funciona ali. Ele foi construído em 1953 depois da coroação do terceiro rei do Butão para servir como residência real. O quarto rei também morou no palácio. Mas, o atual não mora lá e sim nas suas imediações.
Como hotelaria, escolhemos a rede Aman – Amankora. Um dos melhores hotéis que tem no Butão, se não for o melhor.
O que achei super bacana é que os quartos são sempre muito parecidos, para não dizer iguais, em todos os Hotéis Aman do Butão. Isso dá a sensação que você não mudou de lugar e se sente em casa cada vez que troca de Hotel.
A gastronomia do Hotel tem duas estrelas Michelan. Não preciso nem comentar como comemos bem…
Então partimos rumo Gangtey. São 128 km mas demora uma eternidade (tipo 4 horas).
Como comentei anteriormente, as estradas são terríveis!!!! Para conseguir explicar um pouquinho, somente mostrando uma foto da estrada PRINCIPAL! Isso mesmo, essa estrada abaixo é a principal e única do Butão que cruza o país de Norte a Sul. Não existe quase nada de asfalto e guard-rail ninguém nunca ouviu falar.
Como a estrada está sempre em obra, além de estar sempre neste estado, ela tem horário certo de subida e descida. Por isso, não bobeiem com o horário que seu motorista marcar.
No meio da caminho, bem no alto da serra, paramos para visitar um monumento chamado Chula Do Pass.
Chula Do Pass é uma construção a 3.050m de altitude, onde se encontram um conjunto de 108 monumentos religiosos construídos em 2004 para “celebrar a estabilidade e o progresso que Sua Majestade trouxe para a nação” e que refletem as tradições espirituais e artísticas do Butão.
Chegamos em Gangtey no fim da tarde, mesmo assim resolvemos dar uma volta pelo vale a pé para sentir o lugar que estávamos.
No dia seguinte, andamos até Gangtey Village. Um vilarejo que fica bem no alto do morro.
Estar neste pequeno vilarejo, é como se o tempo tivesse parado. Tudo muito simples, as pessoas todas vestidas praticamente iguais, parece até um cenário intocado. Gangety é assim, um pequeno povoado no centro do Butão que vive sem pensar em modernidades.
O pequeno vilarejo tem praticamente uma rua. Nessa rua, um mercadinho muito simples e duas lojinhas (se é que dá para chamar de loja) vendem roupas e objetos usados.
No final da rua, o ponto alto da visita: o antigo monastério Gangtey Goemba.
O vilarejo vive em função do monastério desde o século XVII. As famílias que moram ali auxiliam na manutenção e funcionamento da escola dos pequenos monges budistas.
O complexo do Monastério de Gangtey é formado por cinco prédios ao redor de um templo central, com arquitetura tibetana. Cento e vinte meninos, com idades que variam entre 6 e 18 anos moram no monastério e recebem educação para ser monges.
As famílias devem optar pelo início da vida religiosa dos filhos até os seis anos. Se o menino, mais tarde, decidir que não quer continuar por esse caminho é preciso pagar uma multa. Para as famílias mais humildes, enviar os filhos cedo para receber os ensinamentos budistas significa garantir um futuro digno. No momento, segundo eles há cinco monges reencarnados. Um deles é tratado com bastante regalia por ser a reencarnação de um lama importante.
Depois da visita ao Monastério, fizemos uma trilha de 4 km que descia para o vale. A paisagem era incrível. Atravessamos até um alagado! Super divertido e com muita adrenalina!
No dia seguinte, acordamos bem cedo e fomos estudar… ou melhor, conhecer a escola local. Me impressionei com a cultura deles e me apaixonei ainda mais por esse País!
As crianças tem que chegar 15 minutos antes da hora da aula para limparem a escola, ajeitarem a classe e tirarem o mato que nasce na grama.
E o sino toca! Hora de se juntarem no pátio da escola para saberem das novidades. Logo depois da leitura de algumas paginas de um livro em inglês (para que aprendam o idioma), hora de cantar o mantra. Que lindo!!! Emocionante!
Hora de cada um entrar na sua classe e eu fui chamada para falar um pouquinho com eles. Relembrei o tempo em que eu dava aula. Foi tão gostoso que realmente me emocionei. Que oportunidade de ouro!
Voltamos para o hotel para pegar nossas coisas e seguir para Punakha.
Vejam nosso Amankora de Gangtey. Uma vista de perder a hora…
Partimos para Punakha. No caminho paramos para um piquenique muito gostoso na beira de um rio.
Chegando na cidade de Punakha, logo demos de cara com o Punakha Dzong! Que coisa mais maravilhosa!!!!!! Mas só paramos para tirar uma foto pois a visita será somente no dia seguinte a tarde.
No dia seguinte fizemos uma trilha pelos arrozais em direção ao templo de Chorten.
Outro templo maravilhoso em Punakha é o Khamsum Yulley Namgyal Chorten. Para chegar lá é preciso fazer uma caminhada de uns 30 minutos montanha acima entre plantações de arroz. Nem dá para cansar de tão linda a paisagem no fundo do vale.
Nos arrozais do Butão ainda são usados métodos bem rudimentares. Tudo é feito manualmente por um grupo de moradores da comunidade que se reúne para trabalhar na plantação e na colheita.
No meio do caminho, um senhor bem velhinho, sentado no chão, na frente de uma “prayer Wheel” rezava.
Depois da longa caminhada, chega a bela recompensa. O monastério levou 9 anos para ser construído. Sua arquitetura é a butanesa tradicional. A fachada é muito trabalhada e o interior do templo impecável. Foi construído por uma das rainhas do Butão e dedicado ao bem estar do Reino e aos benefícios de toda a humanidade.
Ao redor do templo principal várias pequenas estupas, esculturas e duas grandes rodas de oração repousam tranquilamente entre os jardins floridos e muito bem cuidados.
Subindo até o último andar do monastério é possível ver todo o vale e as plantações de arroz margeando o rio. É uma boa hora para descansar e admirar a vista.
Quando já estávamos nos preparando para voltar para o Hotel, duas crianças vieram correndo sorrindo em minha direção com uma flor na mão. Sorri para elas!
Mas me arrepiei quando pararam na minha frente e me presenciaram com a flor! Me emocionei!
Com o coração cheio de amor, retornamos para o Hotel para pegar o carro e ir até Punakha Dzong, aquele que só passamos no dia anterior.
Punakha Dzong é um dos monastérios mais lindos do Butão. Punakha Dzong significa “o palácio da grande felicidade”. Foi construído no século XVII exatamente no ponto onde juntam dois rios: Pho Chu (pai) e Mo Chu (mãe). É o segundo palácio mais antigo do Butão e um dos maiores.
Enquanto Punakha era a capital, ali funcionava o centro administrativo do país. Hoje, o Punakha Dzong é o centro religioso de inverno do Butão e tem uma enorme escola de monges.
Depois da ponte vem uma enorme escadaria de pedras conectada com outra escadaria removível feita em madeira, além de um grande portão de madeira. Isso tudo servia para proteger o palácio de possíveis invasões. As pinturas nas paredes do prédio de entrada são belíssimas e contam histórias sobre o budismo.
A torre branca representa o ponto central do complexo. É a única estrutura com 5 andares.
Hora de partir e deixar para trás mais um Hotel Amankora maravilhoso!!!
Só que este Aman não é possível entrar de carro pois ele fica em uma ilha e para chegar lá somente atravessando uma ponte cheia de bandeiras (falarei sobre o significado das bandeiras mais para frente)!
Vejam que lindo mais este Aman. Que também tinha uma culinária premiada.
Seguimos de volta para Paro. É lá que está o ponto alto do turismo no Butão, o famoso Tiger’s nest.
Geralmente se deixa esse passeio para os últimos dias devido a ambientação com a altitude para então subir sem problema.
O Mosteiro Taktsang (tiger’s nest) é um dos mosteiros mais famosos do Butão. O lugar é muito sagrado para os butaneses que acreditam que Padmasambhava, pai do budismo no Butão, voou milagrosamente do Tibete até aqui montado no dorso de um fabuloso tigre.
Foi construído em 1692 na boca da caverna Taktsang Senge Samdup onde o santo budista, também conhecido como Guru Rinpoche, teria meditado lá pelos anos 800 da nossa era.
Chegar lá não é fácil. A altitude é o primeiro fator a se considerar. Paro fica a 2400 metros acima do nível do mar. Até aí tudo bem mas se somarmos a essa altitude mais 800 metros devidamente trilhados montanha acima entre ladeiras íngremes e escadarias sem fim, a altitude pesa bastante!!!
Mais ou menos na metade do caminho há um local para descanso com uma cafeteria e banheiros. Muita gente para para descansar um pouco. Eu não quis parar, foquei no final e seguimos adiante tomando muita agua o tempo todo!
Acabou a trilha!!! Chegamos? Ainda não! Ele está do outro lado da montanha e para chegar até lá é uma verdadeira escadaria….
O resultado, após duas horas e meia só pode ser traduzido em exaustão total e recompensa absoluta. O templo é realmente divino! De uma força inacreditável. Além da vista impressionante!
É possível fazer metade do caminho montado em burros, mas acredito que não tem a mesma “essência” do que subir a pé.
No meio do caminho, assim como em vários lugares no Butão, as bandeiras fazem parte da paisagem. Agora o que significam essas bandeiras?
Elas são chamadas de bandeiras de oração. Tudo é motivo para se pendurar uma bandeira: nascimento, morte, doença, alegria… Elas são lindas balançando ao vento. Geralmente ficam nos topos das montanhas e nos vales, lugar onde se venta bastante pois assim ajudam a espalhar as orações e a garantir boas energias.
Cada cor tem um simbolismo. Vermelho, fogo. Azul, água. Amarela , terra. Verde, natureza. E, branca simboliza o céu. As brancas são hasteadas em ocasião de morte.
Outra curiosidade legal sobre o Butão é a roupa que todos eles usam. Parece até que é um uniforme. Quando voce entra em uma loja de roupa, os tecidos são sempre muito parecidos.
Os homens usam o “gho”, uma túnica que vai até joelho amarrada na cintura com um cinto tradicional chamado de “kera”. As mulheres usam o “kira”, um vestido longo, até os tornozelos e uma jaqueta chamada de “tego”.
E assim termina mais uma viagem.
Espero que essas dicas ajudem você a decidir sobre seu próximo destino!